Em “Olhar Demora” observamos uma forma de trabalhar com a fotografia que se relaciona de modo paradoxal com o contexto um tanto acelerado dos cliques feitos com os nossos dedos irrequietos - produzidos e exibidos nos diversos suportes, sem parar.

Aqui, um conjunto mais ou menos numeroso de imagens é agrupado na criação de um mesmo trabalho – o excesso, aqui, como caminho para uma síntese. Os cliques podem ser muitos, mas por vezes apontam diferenças sutis que separam um instante de outro. Nos fazem pensar em quem fotografa, em quem é fotografado e no próprio encontro que originou a imagem, que aqui rima com passagem. Quanto tempo se passou ali, entre um clique e o seguinte? Por quanto tempo a fotógrafa espreitou para então captar uma cena, um gesto, uma paisagem?

Podemos imaginá-la parando o carro, sacando a câmera e registrando a fachada de uma casa da forma mais rápida possível para não atrapalhar o trânsito. Vocês também conseguem vê-la por várias tardes em uma mesma janela, nos andares mais altos de um prédio, apontando a câmera a cada hora para uma direção, como se fosse um binóculo? E depois, quanto tempo será que ela levou entre a produção das fotografias e a criação das montagens que vemos aqui?